Ailton Krenak e Preta Rara na programação online do Cura
September 25, 2020A programação online do Cura 2020 foi preparada com muito carinho pela curadoria do festival. Ela será disponibilizada no canal do youtube (www.youtube.com/CURACircuitoUrbanodeArte) do circuito de arte, de forma gratuita e acessível.
Uma programação diversa, que discute a atualidade e traz nomes em destaque no cenário nacional, entre elas uma das vozes mais fundamentais do nosso tempo: Aílton Krenak* (mais abaixo), liderança do movimento indígena brasileiro.
Alem dele, pesquisadores e artistas falarão sobre as narrativas da diáspora africana, indígena e periférica na arte. Empreendedores e curadores mostrarão como estão movimentando as estruturas do mercado tão elitizado de arte contemporânea.
Vale destacar a participação da historiadora e rapper Preta Rara** (mais abaixo), rapper e arte-educadora, importante nome do feminismo negro brasileiro. Ela falará de hiphop sob a perspectiva da mulher, além da arte enquanto parte intrínseca à vida. Afinal, arte também é vida!
“Nesta edição sentimos que precisamos pensar a arte como expressão de vida a urgências do nosso tempo. Estamos justamente em busca de rever nossos conceitos e entender o que é arte para os diversos povos que conformam nossa nação” diz Priscila Amoni, uma das idealizadoras e curadoras do festival. “Vivemos tempos difíceis e por isso acreditamos que é preciso ouvir os saberes dos povos originários, a juventude e os ancestrais do povo negro, escutar as vozes periféricas, as mulheres em toda a sua diversidade”, completa.
PROGRAMAÇÃO VIRTUAL: CURA NA JANELA
www.youtube.com/CURACircuitoUrbanodeArte
28/09 - segunda-feira, 19h30
Bate Papo - Imaginar caminhos: ocupando o mercado de arte contemporânea
Convidados: Thiago Alvim e Comum, artistas e idealizadores do JUNTA; Cristiana Tejo, curadora e uma das idealizadoras do Projeto Quarantine; Micaela Cyrino, artista visual e integrante da Nacional Trovoa.
Mediação: Fabiola Rodrigues, MUNA - Mulheres Negras nas Artes
29/09 - terça-feira, às 19h30
Bate Papo - Transformando, ocupando e criando novas narrativas: os olhares de artistas, curadores e pesquisadores contra o colonialismo sobre suas produções
Convidadas: Nathalia Grilo Cipriano, pesquisadora de cultura e cosmovisões negro-africanas, editora da revista digital diCheiro; Ventura Profana, escritora, cantora, performer e artista visual; Sandra Benites, antropóloga, arte-educadora e curadora-adjunta do MASP – Museu de Arte de São Paulo.
Mediação: Luciara Ribeiro, educadora, pesquisadora e curadora independente.
30/09 - quarta-feira, às 19h30
Aulão – O hip-hop resiste
Com Preta Rara, rapper, historiadora, turbanista, e influenciadora digital.
01/10 - quinta-feira, às 19h30
Bate Papo - Arte e Vida, Arte é Vida
Covidados: Maurinho Mukumbe, ferreiro; Ibã Hunikuin (Isaías Sales), txana, mestre dos cantos na tradição do povo huni kuin e pintor. Integra o coletivo MAHKU – Movimento dos Artistas Huni Kuin; Bordadeiras do Curtume (Vale do Jequitinhonha).
Mediação: Célia Xakriaba, professora e ativista indígena
02/10 - sexta-feira, às 19h30
Aulão - A Vida não é útil
Com Ailton Krenak, líder indígena, ambientalista e escritor brasileiro. É considerado uma das maiores lideranças do movimento indígena brasileiro, possuindo reconhecimento internacional.
*Sobre Aílton Krenak
Ailton Krenak nasceu no Vale do rio Doce, Minas Gerais, em 1954. Os Krenak registravam uma população de cinco mil pessoas no início do século XX, número que se reduziu a 600 na década de 1920 e a 130 indivíduos em 1989. Na época, Ailton pressagiou: “se continuar nesse passo, nós vamos entrar no ano 2000 com umas três pessoas”. Felizmente isso não aconteceu. Contando com esforços também do próprio Ailton, os Krenak fecharam o século com 150 pessoas. Com 17 anos Ailton migrou com seus parentes para o estado do Paraná. Alfabetizou-se aos 18 anos, tornando-se a seguir produtor gráfico e jornalista. Na década de 1980 passou a se dedicar exclusivamente à articulação do movimento indígena. Em 1987, no contexto das discussões da Assembléia Constituinte, Ailton Krenak foi autor de um gesto marcante, logo captado pela imprensa e que comoveu a opinião pública: pintou o rosto de preto com pasta de jenipapo enquanto discursava no plenário do Congresso Nacional, em sinal de luto pelo retrocesso na tramitação dos direitos indígenas. Em 1988 participou da fundação da União das Nações Indígenas (UNI), fórum intertribal interessado em estabelecer uma representação do movimento indígena em nível nacional, participando em 1989 do movimento Aliança dos Povos da Floresta, que reunia povos indígenas e seringueiros em torno da proposta da criação das reservas extrativistas, visando a proteção da floresta e da população nativa que nela vive. Nos últimos anos, Ailton se recolheu de volta à Minas Gerais e mais perto do seu povo. Atualmente, está no Núcleo de Cultura Indígena, ONG que realiza desde 1998 o Festival de Dança e Cultura Indígena, idealizado e mantido por Ailton Krenak, na Serra do Cipó (MG), evento que visa promover o intercâmbio entre as diferentes etnias indígenas e delas com os não-índios. A narrativa de Ailton “O Eterno Retorno do Encontro” foi publicada anteriormente em: Novaes, Adauto (org.), A Outra Margem do Ocidente, Minc-Funarte/Companhia Das Letras, 1999.
**Sobre Preta Rara
Preta-Rara é rapper, historiadora e escritora. Nascida em Santos (SP), a rapper lançou o CD Audácia em 2015, e a página “Eu, Empregada Doméstica” no Facebook em 2016, que, com mais de 160 mil seguidores, abriu um novo espaço para o diálogo sobre as condições de trabalho das trabalhadoras domésticas no país.
Em 2017 foi a vez da websérie “Nossa Voz Ecoa”, que aborda temática relacionada à cultura e estética negra, racismo, machismo, gordofobia e hip hop. Foram convidadas personalidades como o rapper Criolo, a MC Soffia, a cantora Liniker, em 2019 lança seu primeiro livro “Eu empregada Doméstica, a senzala Moderna é o quartinho da empregada.