Movimentos ambientais e grupos culturais de BH se juntam contra a mineração na Serra do Curral

Na semana em que o Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) vota o licenciamento do Complexo Minerário Serra do Taquaril, uma articulação de ativistas, organizações socioambientais e movimentos culturais de BH prepara uma série de ações de mobilização na cidade. 

Com o nome de “Tira o Pé da Minha Serra”, o grupo quer informar a população sobre os impactos do projeto e pressionar os conselheiros a rejeitá-lo na reunião desta sexta-feira (29).

O empreendimento está em pauta desde 2018, proposto pela Tamisa (Taquaril Mineração S.A.) em parceria com a construtora Cowan. Considerado de alto impacto ambiental, pode trazer graves consequências para a qualidade do ar, a temperatura e a segurança hídrica de Belo Horizonte e de cidades da Região Metropolitana. 

Como explica a pesquisadora Jeanine Oliveira, integrante do Projeto Manuelzão, moradores de bairros como Castanheiras, Alto Vera Cruz, Taquaril e Aglomerado da Serra serão especialmente afetados. “Além do barulho, os bairros próximos sofrerão com a poeira carregada de substâncias como a sílica, que provoca problemas respiratórios. Também pode haver danos às residências, além de impactos sociais e econômicos para as comunidades”, ela relata. 

O projeto ameaça também o quadrilátero aquífero, com riscos para a bacia do rio das Velhas. “A composição e posicionamento das rochas da região são fundamentais para os fenômenos de infiltração de água que abastecem os rios”, como Jeanine pontua. “Colocar essa área em risco é uma ameaça grave à bacia, aos seres que vivem no ambiente do rio e aos municípios da Região Metropolitana, que são dependentes dessas águas”.

O licenciamento do complexo minerário atravessa ainda o processo de tombamento estadual da Serra do Curral, recomendado pelo Ministério Público de MG desde maio de 2021. O próprio MP entrou com medida cautelar para suspender a tramitação do projeto, por considerar que a Serra já deveria estar resguardada enquanto não é votado seu reconhecimento definitivo como patrimônio de MG.

Lançado na segunda-feira à noite, o site https://tiraopedaminhaserra.bonde.org já tinha até o meio-dia de terça o apoio de mais de 5 mil pessoas, que enviaram e-mails em massa aos conselheiros do COPAM. Além das estratégias de pressão e mobilização digital, ações de rua estão programadas ao longo da semana. Os blocos do carnaval de BH preparam um ato unificado na quinta-feira (28), que sairá da Praça Raul Soares às 16h30 em direção à Praça da Estação. O grupo Calma Clima também convocou seus atletas, que se juntarão ao ato em uma corrida ativista, saindo do Parque Paredão da Serra às 15h30. Haverá ainda colagens de cartazes e distribuição de panfletos em diversos pontos culturais e gastronômicos de BH.





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