Parque do Palácio recebe “Absurdo da Forma”, individual de Carlos Fiorenttini que encerra as celebrações do centenário do Surrealismo
August 20, 2025O Parque do Palácio inaugura, no dia 24 de agosto, a exposição “Absurdo da Forma”, individual do artista mineiro Carlos Fiorenttini (1951), com curadoria de Sarah Ruach. A mostra ocupa os interiores do Palácio das Mangabeiras e apresenta um conjunto de obras que percorrem seis décadas de produção, revelando o diálogo entre rigor técnico, precisão geométrica e liberdade poética que marcam sua trajetória.
Uma carreira que atravessa continentes
Fiorenttini começou cedo: aos 13 anos já se dedicava ao retrato, abrindo caminho para uma obra que ganharia força ao longo de seis décadas. Sua trajetória inclui residências na Austrália, Uruguai, França e Itália, países que guardam parte significativa de seu acervo e que ampliaram sua perspectiva para além das fronteiras mineiras. Essa vivência internacional consolidou um olhar cosmopolita e transnacional, sem nunca romper com as raízes estéticas de sua formação inicial.
Na exposição em Belo Horizonte, sua cidade natal, o artista apresenta um recorte que reúne fases distintas de sua produção, compondo um percurso exógeno em relação à sua própria história. Se por anos sua obra circulou pelo mundo, “Absurdo da Forma” propõe um reencontro entre o artista e a cidade, traduzido em telas que combinam disciplina geométrica e abertura ao sonho.
Entre precisão e delírio
O trabalho de Fiorenttini se caracteriza por uma constante tensão entre ordem e devaneio. O traço é meticuloso, rigoroso, mas se abre a composições em que o real parece à beira do surreal. Essa combinação gera imagens em que a lógica se dobra à imaginação, evocando tanto a precisão técnica quanto a liberdade criativa.
O texto curatorial, assinado por Sarah Ruach, ressalta que “o surrealismo não é uma aversão ao real, mas um atravessamento deste, uma elaboração inquieta entre metáfora, precisão e a permeabilidade do concreto”. Nas palavras da curadora, Fiorenttini nos conduz ao “absurdo da forma e da beleza”, em um campo onde a imaginação não se opõe ao real, mas o expande.
“Esta mostra é, antes de tudo, um retorno. O retorno da obra de Carlos Fiorenttini a Belo Horizonte, depois de uma trajetória que atravessou continentes e estilos. A exposição revela um artista de disciplina geométrica e técnica, mas que se abre para uma criação onde o real e o surreal se tocam. A cada tela, Fiorenttini nos lembra que a arte é tanto precisão quanto liberdade, tanto rigor quanto sonho”, completa Ruach.
O centenário do Surrealismo
A realização de “Absurdo da Forma” ganha ainda mais relevância por marcar o encerramento oficial do programa de celebrações do centenário do Surrealismo, movimento fundado por André Breton em 1924. Cem anos depois, a exposição revisita esse legado a partir de um olhar pessoal e contemporâneo, em que o sonho permanece como força criativa fundamental.
O surrealismo, como destaca Ruach, não é apenas um gesto de ruptura, mas também de continuidade: a liberdade de sonhar enquanto se vive o sonho. É nesse terreno que a obra de Fiorenttini se insere, ampliando o horizonte de possibilidades da forma e do pensamento.
Serviço
Exposição: Absurdo da Forma
Artista: Carlos Fiorenttini
Curadoria: Sarah Ruach
Local: Palácio das Mangabeiras – Parque do Palácio
Endereço: Rua Professor Djalma Guimarães, 161 – Portaria 2, Belo Horizonte
Abertura: 24 de agosto
Visitação:
- Quarta a sexta: 10h às 18h
- Sábados e domingos: 9h às 18h