A GAL Arte & Pesquisa inaugura no domingo, 31 de agosto, a exposição Montanha Nascente Flora, individual da artista Clara Valente. A mostra apresenta pinturas, cerâmicas e uma instalação inédita que traduzem a relação íntima da artista com as serras mineiras e o cerrado, em um percurso poético e político que segue em cartaz até 10 de outubro.
No texto crítico da exposição, Uiara Azevedo aproxima a prática de Clara Valente à de uma “construtora de jardins”, capaz de cultivar acontecimentos silenciosos, ritmados por um tempo ancestral e feminino. Inspirada no poema A arte de ser feliz, de Cecília Meireles, Uiara destaca a potência do gesto artístico como ritual cotidiano de preservação e beleza em meio a tempos de degradação.
Essa leitura se conecta diretamente à vivência da artista. “As criações nasceram das minhas caminhadas solitárias pelas serras — Cipó, Lapinha, Serra da Moeda, Espinhaço. Foi esse contato com a flora, as nascentes e as montanhas que me levou a morar diante delas, como quem vai atrás do mar. Eu vim atrás da montanha”, afirma Clara. Suas obras traduzem essa experiência de contemplação: a neblina que se dissipa, o vento que transforma o dia, as cores do pôr do sol.
O diálogo com as curadoras Uiara Azevedo e Laura Barbi também trouxe uma dimensão política à mostra. Ao abordar o cerrado e as nascentes, Clara aponta a urgência de preservar o quadrilátero ferrífero e aquífero ameaçado pela mineração e pela exploração industrial da água. “O que vem das montanhas é o que sustenta a vida futura. Quero falar da beleza, mas também da necessidade de olhar com atenção para essas paisagens.”
Na GAL, Clara apresenta pinturas em tela elaboradas com técnicas variadas — colagem, spray, resina e acrílica — além de peças de cerâmica realizadas em parceria com o ceramista Benedikt Wiertz, e uma instalação que dialoga com o clima da serra. Sua trajetória, marcada pelo grafite, pela pintura mural e pela escultura, encontra nesta exposição um novo desdobramento, mas permanece conectada à investigação constante da paisagem e da natureza.
O público é convidado a uma experiência de contemplação acessível a todos, inclusive às crianças, que segundo a artista, sempre se encantam com as formas simples e comunicativas de suas obras. “Espero que cada visitante sinta paz, uma plenitude diante da natureza e das cores. Que desperte a alma para o olhar atento aos detalhes”, resume Clara.
Ao receber Montanha Nascente Flora, a GAL reafirma seu compromisso ao refletir sobre o papel das mulheres e sobre o etarismo nas artes visuais.
Serviço
Exposição: Montanha Nascente Flora, individual de Clara Valente
Texto crítico: Uiara Azevedo
Curadoria: Uiara Azevedo e Laura Barbi
Abertura: domingo, 31 de agosto
Encerramento: 10 de outubro
Local: GAL Arte & Pesquisa – Rua Sinval de Sá, 586 – 2º andar, Cidade Jardim, Belo Horizonte
Visitação: sob agendamento
Entrada gratuita
Instagram: @gal.art.br
Na sexta-feira, 29 de agosto, o restaurante MINÉRA, na CASACOR Minas 2025, será palco de um jantar a 8 mãos que promete surpreender o público. As chefs Agnes Farkasvolgyi e Sá Marina se unem aos franceses Catherine Coiffarde Christophe Quantin para criar um menu com o tema “Parece que é, mas não é – Le trompe l’œil”, técnica que propõe ilusões visuais e gastronômicas, desafiando os sentidos e instigando novas percepções do ato de comer.
Os convidados da noite trazem trajetórias de peso. Catherine Coiffard é chef e empreendedora na área de hotelaria e restauração, com atuação de destaque na França. Já Christophe Quantin é coach do time francês vencedor do Bocuse d’Or 2025 — a mais prestigiada competição internacional da gastronomia, considerada o “Oscar da cozinha” — e carrega o título de Meilleur Ouvrier de France, uma das distinções mais respeitadas da culinária francesa.
Ao lado deles, Agnes e Sá Marina conduzem o público em uma experiência inédita, marcada pela criatividade, técnica e o encontro de tradições.
O jantar acontece no restaurante MINÉRA a partir das 19h. Os lugares são limitados e o valor é de R$ 495,00 por pessoa.
O evento integra o Ano França-Brasil e conta com o apoio da Embaixada da França, dentro de uma cooperação estratégica estabelecida com Minas Gerais na área da gastronomia. A iniciativa faz parte de um projeto de formação desenvolvido pelo INHAC – escola social de gastronomia criada pelo chef Léo Paixão, dedicada à inserção produtiva de jovens mineiros por meio da cultura e da educação. A ação reforça a relevância da cozinha mineira e francesa no cenário internacional.
Serviço – Jantar a 8 mãos no MINÉRA
Data: sexta-feira, 29/08
Horário: a partir das 19h
Local: Restaurante MINÉRA – CASACOR Minas 2025
Valor: R$ 495,00 por pessoa
Informações e reservas: (31) 99956-2247
O Parque do Palácio inaugura, no dia 24 de agosto, a exposição “Absurdo da Forma”, individual do artista mineiro Carlos Fiorenttini (1951), com curadoria de Sarah Ruach. A mostra ocupa os interiores do Palácio das Mangabeiras e apresenta um conjunto de obras que percorrem seis décadas de produção, revelando o diálogo entre rigor técnico, precisão geométrica e liberdade poética que marcam sua trajetória.
Uma carreira que atravessa continentes
Fiorenttini começou cedo: aos 13 anos já se dedicava ao retrato, abrindo caminho para uma obra que ganharia força ao longo de seis décadas. Sua trajetória inclui residências na Austrália, Uruguai, França e Itália, países que guardam parte significativa de seu acervo e que ampliaram sua perspectiva para além das fronteiras mineiras. Essa vivência internacional consolidou um olhar cosmopolita e transnacional, sem nunca romper com as raízes estéticas de sua formação inicial.
Na exposição em Belo Horizonte, sua cidade natal, o artista apresenta um recorte que reúne fases distintas de sua produção, compondo um percurso exógeno em relação à sua própria história. Se por anos sua obra circulou pelo mundo, “Absurdo da Forma” propõe um reencontro entre o artista e a cidade, traduzido em telas que combinam disciplina geométrica e abertura ao sonho.
Entre precisão e delírio
O trabalho de Fiorenttini se caracteriza por uma constante tensão entre ordem e devaneio. O traço é meticuloso, rigoroso, mas se abre a composições em que o real parece à beira do surreal. Essa combinação gera imagens em que a lógica se dobra à imaginação, evocando tanto a precisão técnica quanto a liberdade criativa.
O texto curatorial, assinado por Sarah Ruach, ressalta que “o surrealismo não é uma aversão ao real, mas um atravessamento deste, uma elaboração inquieta entre metáfora, precisão e a permeabilidade do concreto”. Nas palavras da curadora, Fiorenttini nos conduz ao “absurdo da forma e da beleza”, em um campo onde a imaginação não se opõe ao real, mas o expande.
“Esta mostra é, antes de tudo, um retorno. O retorno da obra de Carlos Fiorenttini a Belo Horizonte, depois de uma trajetória que atravessou continentes e estilos. A exposição revela um artista de disciplina geométrica e técnica, mas que se abre para uma criação onde o real e o surreal se tocam. A cada tela, Fiorenttini nos lembra que a arte é tanto precisão quanto liberdade, tanto rigor quanto sonho”, completa Ruach.
O centenário do Surrealismo
A realização de “Absurdo da Forma” ganha ainda mais relevância por marcar o encerramento oficial do programa de celebrações do centenário do Surrealismo, movimento fundado por André Breton em 1924. Cem anos depois, a exposição revisita esse legado a partir de um olhar pessoal e contemporâneo, em que o sonho permanece como força criativa fundamental.
O surrealismo, como destaca Ruach, não é apenas um gesto de ruptura, mas também de continuidade: a liberdade de sonhar enquanto se vive o sonho. É nesse terreno que a obra de Fiorenttini se insere, ampliando o horizonte de possibilidades da forma e do pensamento.
Serviço
Exposição: Absurdo da Forma
Artista: Carlos Fiorenttini
Curadoria: Sarah Ruach
Local: Palácio das Mangabeiras – Parque do Palácio
Endereço: Rua Professor Djalma Guimarães, 161 – Portaria 2, Belo Horizonte
Abertura: 24 de agosto
Visitação:
- Quarta a sexta: 10h às 18h
- Sábados e domingos: 9h às 18h