Alice Guy-Blaché não é um nome que circula por aí, nem mesmo na boca dos cinéfilos. Mas foi essa francesa quem criou o cinema de ficção. É dela o primeiro filme narrativo da história cinematográfica sendo pioneira na criação da linguagem cinematográfica, na direção de atores para cinema, na sincronização de som na projeção e na colorização da película.
O caminho de Alice até seu primeiro filme é resultado de bons encontros e sua formação. Filha de livreiro, gostava de contar histórias e até fez uma incursão no teatro. Mas os filmes entraram na sua vida quando em março de 1895, aos 22 anos, foi a uma demonstração do cinematógrafo dos irmãos Lumiére na Société d’Encouragement à l’Industrie Nationalee assistiu a um dos seus primeiros documentários - Sortie d’usine (Saída da fábrica).
Guy-Blaché era secretaria na Comptoir Général de Photographie que depois virou a Gaumont, a primeira companhia cinematográfica do mundo. Visionária, pediu a Léon Gaumont, seu ;.chefe, para deixá-la usar uma câmera recém adquirida pela companhia.
Este permitiu, contanto que fosse fora do horário de trabalho. Pronto, nascia o primeiro filme de ficção da história do cinema - La Fée aux choux (A Fada do Repolho) lançado em maio de 1896. Escrito, dirigido e produzido por Alice Guy-Blaché.
O sucesso da recente invenção e da sua empreitada a fez imediatamente chefe de produção dos estúdios da Gaumont onde dirigiu, roteirizou, supervisionou cenários e equipamentos.
Em 1910, já nos Estados Unidos, se tornou a primeira mulher a construir e administrar seu próprio estúdio - o Solax Company em Fort Lee, New Jersey, e por mais dez anos revolucionou a nascente indústria.
A direção de Alice ajudou a transformar atrizes de teatro como Olga Petrova, Alla Nazimova e Bessie Love em estrelas de cinema. Ela ensinou quase todos os grandes diretores da próxima geração de filmes, incluindo Étienne Arnaud, Victorin Jasset e Louis Feuillade, e os cenógrafos Henri Menessier e Ben Carré.
As mudanças na indústria do cinema impactaram sua companhia terminando por fecha-la. Alice retornou, então, a França em 1922 e por não conseguir trabalho passou a escrever histórias infantis com pseudônimos masculinos para sobreviver.
Durante décadas permaneceu esquecida até ser descoberta por historiadores do cinema. Por que se fala tão pouco sobre ela? “Muito do que Alice criou inclusive o próprio cinema de ficção foi creditado a homens contemporâneos dela e muitos dos seus filmes se perderam. Mas desde a década de 70 vem se tentando resgatar sua memória” explica Maiz Assumpção, uma das curadoras da Mostra Imagem dos Povos.
“A resposta a esta pergunta deve ser buscada no porque só cinco mulheres diretoras foram indicadas ao Oscar desde 1929, quando essa premiação foi estabelecia, ou no porque em pleno 2020 nenhuma mulher foi indicada a direção, despeito dos seus filmes terem obtido bons resultados de bilheteria e de critica” complementa diz Tamara Braga também curadora da mostra .
O documentário “Be Natural”, narrado por Jodie Foster e lançado em Cannes em 2018, será exibido no Brasil pela primeira vez no primeiro dia da mostra, 08 de março. Não por menos, o dia internacional da mulher.
Abaixo, a programação completa da Seleção Alice Guy-Blaché, um dos programas do Imagem dos Povos Mulheres.
“Os filmes escolhidos para compor essa seleção são baseados na pesquisa rigorosa realizada por Alison McMahan. Suas listagens dos filmes de Guy são divididas em quatro categorias: Filmes do período Gaumont Film Company, Filmes Sonoros, Filmes da Solax Company e filmes de longa-metragem.Essa referência foi fundamental porque grande parte dos filmes foram destruídos e muitos são erroneamente atribuídos a ela” explica Tamara Braga.
Para completar a seleção, foram escolhidos ainda quatro outros filmes que contribuem para o entendimento desse período e do que imediatamente aconteceu na indústria com a entrada em cena de Hollywood.
A Fada do Repolho
1896, França, 51 seg
As escapadas de Pierrette
1900,França 2 min.
No Baile Floral.
1900, França, 2min
Dança Serpentina de Lina Esbrard
1902, França, 1min 40 seg
Srta Dundee e seus Cães Performáticos
1902, França, 3 min 28 seg
Performance de Madame Saharet “ Bolero”
1905, França, 2 min
Performance de Dranem “Chá das Cinco”
1905, França, 3 min
Performance de Félix Mayol “Perguntas Indiscretas”
1905, França, 1min24 seg
Performance de Felix Mayol “La Polka des trottins”
1905, França, 2min 25 seg
Performance de Polin “A Anatomia de um Recruta”
1905, França, 2 min 22 seg
Alice Guy-Blaché Filma um Phonoscène
1905, França, 1,35 min
Espanha
1905, França, 10 min
A mulher pegajosa
1906, França, 2 min
O nascimento, vida e morte de cristo
1906, França, 33 min
As consequências do feminismo
1906, França, 7 min
O filho do guarda florestal
1906, França, 8 min
A senhora tem desejos
1907, França, 4 min
Uma heroína de quatro anos
1907, França, 5min
A Cola
1907, França,4 min
A corrida de salsicha
1907, França, 4 min
A cama com rodas
1907, França, 4 min
O filho da barricada
1907, França.6 min.
Fazendo um Cidadão Americano
1912, EUA, 16 min
Algie,o Mineiro
1912, EUA, 10 min
Folhas que Caem
1912, EUA, 12 min
Uma casa dividida
1913, EUA, 13 min.
O Limite de velocidade do Matrimonio
1913, EUA, 14 min
O Oceano abandonado
1916, EUA, 42 min
Contextualizando Alice Guy-Blaché
Be Natural – A História não contada de Alice Guy-Blaché
2018,EUA,120 min, Livre
Direção: Pamela B. Green
O Jardim Esquecido: A vida e obra de Alice Guy-Blaché
1995, França, 53 min
Marquise Lepage
O que aconteceu com Alice Guy?
1975, França, 18 min
Ricolle lise Berheim
E a Mulher criou Hollywood
Julia Kuperberg, Clara Kuperberg
2016, França, 52 min.
A mostra “Imagem dos Povos – Mulheres” é realizada com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte.
Sobre o Imagem dos Povos
Criada em 2005, é uma Mostra internacional de conteúdo audiovisual única no Brasil por ser realizada desde sua origem em múltiplas plataformas (cinema, televisão e web). Sempre buscando as tendências na produção e no mercado, exibiu mais de mil e trezentas produções, realizou seminários internacionais e workshops de excelência, estabelecendo parcerias com realizadores, festivais e fundos de financiamento e fomento, promovendo o intercâmbio de realizadores mineiros com artistas e produtores de mais de 60 países.
Seu foco é a difusão de conteúdos da diversidade cultural e humana, buscando enfatizar as temáticas contemporâneas.
A idealização, realização, direção e curadoria geral são de Tâmara Braga Ribeiro, Maíz d’Assumpção e Adyr Assumpção.
SERVIÇO
Imagem dos Povos
De 08 a 19 março no MIS Santa Tereza (R. Estrela do Sul, 89 - Santa Tereza). Programação completa em: www.imagemdospovos.com
A programação é gratuita e os ingressos precisam ser retirados na bilheteria do MIS Santa Tereza antes das sessões.
*Programação sujeita a alteração sem aviso prévio.
Entre os dias 27 de fevereiro e 08 de março Julia Panadés estará em Ateliê Aberto na exposição Híbrida. Ao longo desse período, que antecede o encerramento da mostra, a artista se propõe a produzir novos trabalhos e alterar algumas obras em exposição. Não se trata de uma programação predeterminada, com dias dias e horários fixos, mas de uma relação orgânica, diretamente ligada ao processo em andamento. O ateliê aberto é, também, a instauração provisória e de um quarto de costuras na Galeria Genesco Murta.
eu + tu / corpo + corpo / corpo a corpo / corpo no corpo / individualidade perdida / dupla estrutura corpo / encontro / eu + tu / novo corpo - Anna Maria Maiolino, Nova Iorque 1971
A exposição Híbrida nasce da união entre três grupos de trabalhos individuais produzidos por Carolina Botura, Giulia Puntel e Julia Panadés. Juntas, elas compõem uma mostra que, como a etimologia do nome indica, gera um cruzamento de fronteiras artísticas e criativas, dando lugar a um gênero expositivo experimental, aberto à colaboração e à troca de experiências.
Como no poema de Anna Maria Maiolino o eu, o tu e o corpo são elementos que se combinam e formam um novo corpo, corpo artístico, corpo território, corpo de forças, corpo pele, feminino-masculino, corpo híbrido, corpo humano. Botura, Puntel e Panadés são artistas que, cada uma ao seu modo, interessam-se pelo corpo como força criadora, mutante, erótica e sentimental.
Em “Adoraria Gritar mas Minha Boca está Cheia”, Giulia propõe uma reflexão sobre os corpos super-expostos, sem identidade, mas atravessados por uma construção fantástica de imagens que se estabelecem e se completam a partir dos encontros e relações. Suas pinturas deixam espaço para o mistério, para uma tensão criada, não pelo que se vê, mas, principalmente, pelo que está escondido ou prestes a acontecer. É a partir do imaginável e da troca com nossa própria percepção de vida que a obra se completa, na atmosfera densa resultante do desconhecido, na busca por uma narrativa de mundo mais libertadora.
Ela, a criação, é a força motora das obras de Julia. “Corpo em Obra” nomeia o conjunto de trabalhos em seda, linho, algodão, linha e madeira. Poemas bordados, dobras, rasgos, e tecidos sobrepostos geram uma escultura penetrável, o vestido-tenda Cartilha da Cura, além de uma série de bandeiras instaladas sobre as paredes, as Flâmulas Fêmeas e as Flâmulas em Bando. Elas apresentam, como traço comum, uma diversidade de formas, entre fendas e dobras, evocando a anatomias possíveis. A outra série, Flâmulas do Naufrágio, apresenta livro-poemas cujos versos bordados são distribuídos sobre as camadas de tecido sobrepostas. As peças convidam à manipulação, gerando uma leitura dilatada dos sentidos, pouco a pouco revelados: ’Intimidade / é uma casa pequena’; ‘Nem só má / Nem só terna / Materna’; ‘Ela/ Desfazia o que tecia / como oferta ao recomeço.’ As obras de Julia afirmam a posição da mulher em sua força criadora, tanto no campo da arte, quanto na geração da vida, sem reforçar o estereótipo da mulher domesticada por funções sociais e biológicas.
Na instalação ‘Amantes’, composta por pinturas, litogravuras, esculturas e vídeos, Carolina aponta em suas obras a equalização das energias complementares femininas e masculinas como um caminho para o autoconhecimento e o equilíbrio entre e além gêneros. Somos todos luz e escuridão, vida e morte, consciente e inconsciente, suavidade e dureza e, justamente neste cruzamento em busca do equilíbrio é que as obras de Botura ganham força. Na união entre o profano e o sagrado, o misticismo e o realismo evidencia-se a plasticidade das relações corporais e interpessoais. Dos vidros soprados surgem o ovo, o útero, os ovários e o pênis; a dupla estrutura do corpo, sexual, renascido e valorizado. Na busca da expansão da consciência encontra-se então o amor e a compaixão, a fusão natural entre os seres e, consequentemente, o enlace.
“É na conversa e nas zonas de silêncio que esses corpos de trabalhos poderão gerar criações híbridas, singulares e partilhadas através do convívio entre universos simbólicos distintos, e também correlatos. Uma galeria viva, cujo espaço-tempo possível é nutrido por encontros e alianças entre o eu, o tu e os novos corpos emergentes” explica Laura Barbi.
A mostra integra a quinta edição do Programa ARTEMINAS, Narrativas Femininas – Sou aquilo que não foi ainda.
Serviço
HÍBRIDA
Carolina Bortura, Giulia Puntel e Julia Panadês
Local: Galerias Genesco Murta e Arlinda Corrêa Lima / Palácio das Artes: Av. Afonso Pena, 1537. Centro. Belo Horizonte
De terça a sábado, das 9h30 às 21h; domingo, das 16h às 21h
Até 08 de março de 2020
Classificação: Livre
Informações para o público: 31 3236-7400
GAL
https://www.gal.art.br
https://www.instagram.com/gal.art.br
Bio Artistas
CAROLINA BOTURA (1982, Botucatu - SP) - vive e trabalha em Belo Horizonte, MG. É artista plástica, poeta e performer. Graduada em pintura e escultura pela escola guignard - Uemg. Suas pesquisam envolvem a relação entre unidade e fragmento, movimento, alquimia, vacuidade, magia natural, sexualidade, amor e morte. Dedica-se aos estudos energéticos e vibracionais aplicados em sua relação com os elementais, o silêncio, as formas e cores. Participou de mostras e residências no Brasil e no exterior. Realizou as individuais Casa Para Um Animal - BDMG Cultural (2017)∆ e Super.fície - Espaço Lava (MG) (2016) e As Coisas Quando Não São Mais Elas – Memorial Minas Gerais Vale(2018).
GIULIA PUNTEL (1992, Belo Horizonte - MG) Nascida em Belo Horizonte (1992), vive e trabalha em São Paulo. Graduada em Artes Plásticas pela escola Guignard - UEMG, mudou-se para São Paulo onde participou do grupo de investigações críticas em pintura sob orientação de Regina Parra e Rodolpho Parigi e também da residência Pivô Pesquisa, em 2018. Em outubro de 2019, abre sua primeira individual no programa ZipUp da galeria Zipper, chamada “boa noite cinderela”.
Sua prática artística se inicia no teatro, migra para o cinema e chega, finalmente, na pintura, onde desenvolve tensões e diálogos entre imagens, por vezes utilizando técnicas e materiais inusitados.
JULIA PANADÉS (1978, Belo Horizonte - MG) vive e trabalha em Belo Horizonte, MG. É artista plástica e escritora. O processo de criação artística vem se tornando o seu tema de vida. É graduada em Artes Plásticas, mestra em Artes Visuais e doutora em Literatura Comparada. Atua como professora e colabora com projetos editoriais. Desde 2015 mantém seu ateliê na Casamanga, onde conduz oficinas e grupos de estudo. Coordenou a Residência de Rua, Teatro Espanca! (2013); Esteve como artista residente no Frans Masereel Centrum, Bélgica (2012). Foi contemplada pela bolsa SIMBIO, (2011/2012). Colaborou com a Cia Suspensa no espetáculo Enquanto Tecemos, 2011, e na performance Ela Vestida, 2012. Publicou o livreto Poemia Contagiosa, 2012, e o livro Imagino Veneza, (2019). Em 2018 apresentou a exposição Um Livro Por Vir, com Edith Derdyk, no Sesc Palladium e, em 2019, a exposição Corpo em Obra, no Centro Cultural São Paulo.
Que o azul é a cor do ano, todo mundo sabe. Mas não só o “classic blue”, a tonalidade escolhida pela Pantone. As coleções de inverno que estão sendo lançadas agora incluiem uma variedade de tons, do marinho ao elétrico. Mas não é porque uma cor foi eleita a da temporada que temos que sair por aí vestidas de azul do pés a cabeça.
Para ficar na moda, mas nem tanto, vale a pena investir em combinações de cores para fugir do lugar comum. Azul com branco é opção para looks mais modernos, já quem gosta de um estilo mais clássico pode apostar sem medo na combinação azul e nude!
Já para os acessórios, a combinação de pedras azuis delicadas como a safira com a pérola funciona muito bem. Já ágatas ganham ainda mais força com a prata.
Abaixo sugerimos algumas delas.
Dusted
https://www.dustedstudio.com.br
https://www.instagram.com/dustedstudio/
Credito: Breno da Matta
Marcia Morais
https://www.instagram.com/dustedstudio/
https://www.instagram.com/marciamoraisbh/
Crédito: Gustavo Marx
Bruna Gasparini
https://www.brunagasparini.com.br
https://www.instagram.com/brunagasparinijewellery
Credito: Nelo Aum
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