Você adora Bordeaux. Sua irmã é fascinada pela Borgonha. Seu melhor amigo sempre traz um Malbec delicioso da Argentina e no seu aniversário de casamento você finalmente abriu aquela garrafa de Champagne. Sabe o que está faltando? Descobrir Jerez.
Não à toa são vinhos mal compreendidos: há muitos estilos diferentes e suas técnicas de produção são tão peculiares, que mesmo os profissionais no assunto se confudem. Basicamente os vinhos de Jerez são:
1 - fortificados (recebem adição de álcool de uva),
2 - produzidos com uvas brancas, principalmente a “Palomino Fino” e
3 - em geral envelhecidos em barris, misturando gradualmente muitas safras diferentes.
Para entender as diferenças entre os estilos, vamos agrupar os principais de forma simples:
- Finos e Manzanillas
São brancos vibrantes, de aromas e sabor muito marcantes, voltados para o frescor. Seus sabores são muito diferentes dos vinhos que a maioria das pessoas conhece, então muitas vezes a surpresa tem efeito negativo. Eles são para os vinhos o que é o Dry Martini para os coquetéis – quase salgados, com sabores muito particulares, aquela sensação de impacto na boca que se encaixa perfeitamente numa porção de azeitonas ou canapés e em pratos de peixe e frutos do mar.
- Olorosos e Palo Cortados
Estes nos lembram um pouco vinhos como os Porto Tawny ou alguns Madeira, com uma diferença importante: não têm açúcar! Isso os deixa mais versáteis e fáceis de se beber no dia-a-dia e, especialmente, com comida. Os Olorosos são intensos e volumosos, perfeitos para acompanhar carnes e pratos mais estruturados enquanto os Palo Cortados são seus primos mais finos (e raros).
- Amontillados
Talvez os mais versáteis vinhos de Jerez. Estão no meio do caminho entre os Finos e os Olorosos – de fato, começaram sua vida como Finos e, aos poucos, foram sendo modificados pelo envelhecimento e ganharam características de Olorosos. Têm a maciez e os sabores caramelados desses últimos, com o toque salino e o nervo dos primeiros. São deliciosos com salames e presuntos e perfeitos para receitas elaboradas à base de arroz.
- Pedro Ximenez
O principal dos vinhos doces de Jerez é o Pedro Ximenez – o nome da uva e do estilo. As uvas são desidratadas ao sol e acumulam imensas quantidades de açúcar, tornando os PX, seu apelido carinhoso, alguns dos vinhos mais doces do mundo. Eles podem atingir 450 gramas por litro (g/L) de açúcar! Para efeito de comparação, a maioria dos vinhos do Porto, velhos conhecidos dos brasileiros, têm cerca de 100 g/L.
Quer experimentar? Em Belo Horizonte, a Vineria Rex Bibendi oferece algumas opções, inclusive em taça, que chega à mesa acompanhadas por uma porção de azeitonas.
Texto por Bernardo Pinto
Diretor Técnico da Importadora Zahil e Formador Oficial de Jerez
Sobre a Rex Bibendi
A Rex Bibendi vem desde 1993 apresentando vinhos de alta qualidade ao mercado mineiro. Parceira da Zahil – importante importadora de vinhos no Brasil – possuí em seu portfolio rótulos essenciais para um belo passeio por esse rico universo. De clássicos a descobertas fora da curva, tudo ali foi escolhido a dedo e prova que o mote da empresa segue mais forte do que nunca: amor, cultura e ofício.
Atendendo de restaurantes à clientes finais, a Rex Bibendi também possuí uma vineria, um charmoso bar de vinhos com mesas na calçada, em um dos quarteirões mais charmosos da Savassi. “Na Roma imperial, Rex Bibendi era o nobre responsável por escolher e provas as bebidas consideradas divinas para o rei. Com este mesmo apuro, escolhemos as melhores opções para celebrar a vida” diz Dulce Ribeiro, nome por trás de tudo. Do cardápio aos fights de vinho* às atrações musicais todos os sábados no almoço, a vineria vem se firmando não só como um espaço de celebração, mas também de novas experiências e saber.
Foi com esse pensamento que a empresária se enveredou pelos caminhos dos vinhos mineiros em 2012 e hoje também é referência nesse seguimento. “A vinicultura no sudeste brasileiro vem se destacando no cenário mundial de vinhos nobres, desde que o engenheiro agrônomo Murillo Regina, PHD em vinicultura e enologia, trouxe ao país a inovadora técnica de dupla poda, ou poda invertida” explica Dulce. A técnica inverte o ciclo da videira, o que permite a colheita no inverno, a época ideal. Este e outros fatores fizeram com que o Sul de Minas passasse a produzir vinhos premiados nacional e internacionalmente.
A Rex Bibendi também produz em parceria com a Vinícola Monte Paschoal, no Sul do Brasil, vinhos nacionais de qualidade – Verso (chadornnay), Prosa (merlot/ rosé), Verso e Prosa (tannat) e Espumantes Rex Bibendi Brut e Brut Rosé.
Flight de vinhos
Degustação de uma seleção exclusiva de vinhos servidos em taças, de 100ml cada, com intuito de proporcionar um maior conhecimento relacionado ao tema da vez: região, uva ou produtor, por exemplo. Excelente ocasião para experimentar e aprender sobre novos sabores.
Nas segundas e terças-feiras também é servido um flight especial de vinhos mineiros e o valor é promocional. Um convite para que o público descubra a bela produção do estado!
Gastronomia
O cardápio da vineria foi pensado para funcionar muito bem com todos os estilos de vinho. Nele é possível encontrar desde opções para petiscar durante horas à pratos robustos, como o carro chefe da casa, o arroz de pato. O sucesso dele é tanto que foi criada uma sessão dedicada ao arroz “rex arrozeiro”, com versões vegetarianas, árabe e o especial do dia.
Vale destacar também a seleção de queijos mineiros, feita pelo especialista Eduardo Girão. Hoje, a vineria Rex Bibendi é o único lugar em Belo Horizonte a servir exclusivamente queijos de Minas Gerais. Sempre produtos selecionados, de pequenos produtores.
Serviço
Rex Bi Bendi
R. Antônio de Albuquerque, 917 – Savassi
Loja: segunda à sabado, de 10h às 22h
Vineria: segunda a quinta-feira, de 17h às 23h
Sexta-feira, de 17h à 1h
Sábados, de 11h às 00h
Telefone: 3227 30 09
https://www.instagram.com/vineriarexbibendi/
https://www.instagram.com/rexbibendi_/
Duas mulheres - e amigas - assinam a carta de drinks de duas das melhores novidades do setor em Belo Horizonte. É de Cibele Guimarães, a Jezebel, a carta de drinks do Madame Geneva, espaço recém aberto e que já vem conquistando um publico fiel. Já Jocassia Coelho está por trás do sucesso do Ofélia, que acaba de completar 1 ano.
Jezebel/ Cibele Guimarães, a dona do melhor Bloody Mary
Cibele Guimarães trabalha em bares e restaurantes há mais de 20 anos, nem sempre atrás do balcão como ficou conhecida. Pelo codinome Jezebel, assina a carta de drinks de espaços concorridos de Belo Horizonte, e mais recentemente, o recém aberto Madame Geneva.
Foi em uma temporada em Barcelona que se apaixonou pela coquetelaria, influenciada por uma amiga que trabalhava no ramo. Voltando ao Brasil, foi direto para o balcão do bar. Mais precisamente do Arcangelo, espaço que marcou a volta do edifício Maletta como referência da boêmia da capital mineira.
E foi lá, em 2011, onde fez seu primeiro Bloody Mary, drink pelo qual foi conhecida. “Eles já tinham uma receita ótima, mas fui colocando o meu toque. Os clientes começaram a especificar na hora do pedido, querendo o meu porque tinham ouvido falar que era incrível”, conta ela.
Para o Madame Geneva desenvolveu uma carta de drinks autorais surpreendentes. Mas é claro que seu coquetel assinatura também está lá!
Jocassia Coelho comanda o balcão de drinks mais concorrido da cidade
Da faculdade de jornalismo para a coquetelaria. A trajetória de Jocassia Coelho faz sentido “sempre me encantei pela área cultural, de contar a história e tradições de lugares e pessoas. Entrei de cabeça na mixologia quando vi que podia fazer isso através da coquetelaria” conta.
Depois de alguns anos de aprendizagem e passagens por casas de BH, assina a carta de drinks do Ofélia, uma das mesas mais concorridas da capital mineira. Por lá, também comanda o balcão de drinks cheios de personalidade. “Minha base é coquetelaria clássica. Uso a criatividade para releituras e novos conceitos” explica.
O fio condutor na criação da carta do Ofélia foi a criação de coquetéis que curam os males e trazem sensação de relaxamento, amor, cuidado. Não é por acaso que os drinks estão descritos em cartas de tarô. “Cada carta ou coquetel pode ser interpretado como um conselho para as decisões da vida” completa.
Sobre o Madame Geneva
O nome singular já entrega. Madame Geneva não é apenas mais um bar da capital mineira. Recém inaugurado, é cenográfico e aconchegante. “É um local com narrativa histórica, em um ambiente que conjuga o retrô com o contemporâneo. O espaço em si é uma experiência à parte” explica Isabel Leite, idealizadora.
A grande surpresa é um pequeno teatro nos fundos, que permite várias formas de uso – de festas particulares à shows cênicos. Um palco onde tudo pode acontecer. Vale destacar também o teto retrátil que permite que os clientes curtam uma noite estrelada. Cristiano Sá Motta é o arquiteto que assina o projeto.
Por lá, uma carta de drinks autorais desenvolvida com exclusividade pela mixologista Jezebel. Entre as criações: Perspicaz (rum, limão, geléia de jabuticaba, espumante, soda hibisco, espuma de jabuticaba - R$38,00), Sedutora (vodka, xarope de maçã verde, limão, coentro - R$ 35,00), Solta na Vida (beefeater gin, ramazotti, limão, xarope de figo com flor de sal, espumante - R$ 42,00) e Voluptuosa (beefeater gin, xarope de beterraba, vinho rosé, frutas vermelhas, baunilha - R$38,00).
Um detalhe charmoso, uma sessão da carta é feita com drinks assinados por outros bartenders da cidade, como Jocássia Coelho (Ofélia), Thiago Ceccotti (Bar Palito) e Felipe Brasil (Olga Nur). A casa conta ainda com vinhos próprio.
Para acompanhar, comidinhas para compartilhar. Entre as opções, Coxinha de Rabada (R$34,00), Pastel de Camarão (R$34,00) e Berinjela Espalmada com Caramelo Salgado e Creme Azedo de Castanha de Caju (R$39,00).
Madame Geneva, por hora, funciona de quinta a sábado. Toda semana há uma programação musical com DJs. A ideia e implementar uma programação intensa e diversa, que vai além da música. “Queremos dar espaço para artistas iniciantes, tanto nas artes cênicas, quanto nas artes plásticas” conta Bel.
Madame Geneva
Rua Luís Soares da Rocha 21ª – Luxemburgo
Sobre Ofélia
Ofélia é uma mulher viajada, curiosa, aventureira e entusiasta do Tarô. Ama as artes, a coquetelaria, a gastronomia e um bom encontro. Ofélia é também um dos endereços do momento em Belo Horizonte, que em um espaço fora do comum, evoca todas as características de seu alter ego.
Desde agosto de 2021, uma charmosa casa histórica abriga esse caldeirão efervescente de ideias. A fachada antiga não entrega o que tem dentro. A decoração é uma atração a parte, em cada ambiente um clima diferente. No salão principal, um suntuoso lustre de pérolas chama a atenção. Na sequencia, um espaço onde uma cama foi parar no teto, já em outro cômodo o destaque fica por conta do trabalho da artista Nina Rocha (https://www.instagram.com/ninarocha), a artista convidada da vez.
“A intenção foi criar um ambiente onde os clientes entrassem nesse mundo e esquecessem seus próprios problemas” explica Bruce Laviola, diretor criativo do espaço. “São várias brincadeiras que fizemos na arquitetura e que as pessoas podem conferir vindo aqui” completa Bruce.
Depois do encantamento inicial, quem passa por lá tem a chance de se surpreender também com a ótima carta do bar, a cargo da mixologista Jocássia Coelho. Neste caso, é literalmente carta. Os drinks são explicados em cartas de tarô com ilustrações de Thereza Nardelli (Zangadas Tatu) e os clientes mais corajosos podem escolher na sorte sua próxima bebida. Entre as opções vale destacar A Imperatriz (cachaça envelhecida em carvalho, limão siciliano, vermute bianco, geleia de rosas vermelhas e espumante), Speakeasy (coquetel de bullet bourbon defumado, vermute tinto punt e mes, toque de amêndoas, pincelada de chocolate 60%cacau, com folha de limoeiro) e a Roda da Fortuna (Johnnie Walker Red Label com Infusão de canela, limão, vinho rosé, xarope de manjericão e alecrim e espuma de espumante).
Para acompanhar, ótimos pratos para petiscar como 08 de Ouros (croquete de carne com maionese defumada), 07 de Copas (chips de batata doce, ceviche de tilápia, cebola roxa, pimenta dedo de moça, milho, leite de cõco, limão, laranja, pimenta biquinho, cebolinha, coentro e mostarda dijon) e o 3 de Copas (Polvo salteado no azeite condimentado com ervas e vinagrete de maçã verde). Como principal, como o Arroz de Tomate Caldoso com creme de pupunha e cogumelos salteados, uma das opções veganas do cardápio. Para finalizar, faz sucesso a torta Carameluda (base de paté sucree de cacau, ganache de chocolate belga intenso, caramelo toffee com amendoim e caramelo de doce de leite), desenvolvida especialmente para Ofélia pela chef Gabriela Arya da Confeitaria Rebobina.
Ofélia abre de quarta a domingo e tem programação intensa, que inclui djs e até cartomante!
Serviço
Ofélia
Rua Rio Grande do Norte, 311 – Funcionários
Funcionamento:
Quarta à Sexta-feira: 18h à 01h
Sábado: 16h à 01h
Domingo: 12h às 22h
Reservas: 31 9 9188-0770
https://www.instagram.com/ofelia.bh
Desde sua fundação, em 2017, a GAL ocupa espaços vazios na cidade. Há um ano, a também galeria virtual e agitadora cultural está com endereço fixo: a Casa GAL, que é abrigo para exposições, residências e outras expressões artísticas. A casa, que fica no Sion, foi concebida pela galerista e curadora Laura Barbi, que com novas ideias vem trazendo frescor para o tradicional circuito de galerias de Belo Horizonte.
Atualmente, o espaço é ocupado pelas mostras individuais Os Lados de Um Telhado se Contam em Águas (Extended Remix), de Daniella Domingues, Dar Templo ao Tempo, de Julia Panadés e a instalação Cozinha do Fim do Mundo do artista em residência Shima. Elas ficam em cartaz até 26 de setembro.
“As pesquisas dos três artistas se configuram de modos particulares em seus fazeres, mas se tangenciam e se alimentam mutuamente na partilha da vida. Daniella, Julia e Shima têm, cada um à sua maneira, questões da memória e da ancestralidade como disparadores de suas produções e encontram, talvez na ação do tempo sobre a matéria, seu maior ponto de contato” explica Laura.
A GAL também assina a exposição Sob Neblina, primeira mostra individual da artista Julia Baumfeld, em cartaz na a Galeria de Arte do Centro Cultural SESI Minas até 18 de setembro.
Sobre a GAL
GAL é uma galeria de arte virtual que desenvolve projetos independentes voltados à pesquisa e circulação da arte contemporânea brasileira. Disponibiliza um acervo de obras selecionadas de artistas brasileiros contemporâneos para venda online, em um modelo transparente que resulta no financiamento de suas ações.
A GAL propõe um modelo alternativo ao praticado por galerias e instituições, buscando outros contextos para artistas mostrarem suas produções junto ao público e colecionadores diversos. Um projeto desterritorializado que realiza exposições em espaços em desuso ou ocupa temporariamente espaços culturais tradicionais e/ou privados.
A proximidade com estes artistas, de trajetórias e interesses diversos, somada a rede de colaboração que reúne pesquisadores, críticos, curadores, além de parceiros de diferentes áreas de atuação, como arquitetura, cinema e publicação gráfica é o que garante este modelo único e destoante.
A GAL surgiu em 2017 em Belo Horizonte e suas ações têm alcance global.
Sobre a Casa GAL
Localizada no Sion, foi construída na década de 60, projeto do arquiteto Laercio Gontijo e desde então habitada por uma única família. Desocupada em setembro deste ano, a residência em breve estará à venda. “Achamos que seria interessante abri-la para visitação uma vez que a grande maioria dos espaços não tombados pelo Patrimônio em Belo Horizonte acabam sendo vendidos para incorporadoras e demolidos”, conta Laura. “O interessante em se propor um projeto sem território definido como é o caso da GAL, é que a cada ocupação somos desafiados a pensar e repensar a interação entre a arte contemporânea, a arquitetura, a cidade e o público” completa.
Serviço
Casa GAL – Rua Groelândia, 50 – Sion
Horários de visitação: terça a sexta-feira: 13 - 19h
sábados 11 - 17h
sem agendamento
https://www.instagram.com/gal.art.br