Daiara Tukano é o primeiro nome indígena a estampar sua arte em empena gigante

Daira Tukano está para entrar na história. É que a partir do dia 22 de setembro, ela começa a pintar uma empena 1.005,9m2 no Edifício Levy, no centro de Belo Horizonte. Esta será a maior arte publica já feita por uma artista indígena no mundo.

Daiara Hori, nome tradicional Duhigô, pertence ao clã Uremiri Hãusiro Parameri do povo Yepá Mahsã, mais conhecido como Tukano. Seu trabalho artístico fundamenta-se na pesquisa sobre a história, a cultura e a espiritualidade de seu povo. Sua participação no festival mineiro vem coroar uma carreira que articula as linguagens artísticas com a comunicação em prol dos direitos indígenas, incluindo aí exposições em diversas partes do país e o trabalho como coordenadora da Rádio Yandê, primeira web-rádio indígena do Brasil.

A obra será entregue no dia 04 de outubro.

Antes disso, Jaider Esbell, artista indígena de Roraima, presenteia Belo Horizonte com uma gigante escultura inflável, de cerca de 40 metros. A intervenção acontece no icônico Viaduto Santa Tereza, patrimônio tombado da cidade, que pela primeira vez, desde sua inauguração em 1928, terá sua imagem transformada.

A instalação acontece durante o festival, entre os dias 22/09 e 04 de outubro.

Juntam-se a eles Denilson Baniwa (AM) e Célia XaKriabá (MG) em intervenção no antigo prédio de engenharia da UFMG com bandeiras gigantes desenvolvidas especialmente para o festival.


Galeria de Arte Virtual integra a programação do CURA 2020

Entre 22 de setembro e 4 de outubro, Belo Horizonte receberá a 5a edição do CURA - Circuito Urbano de Arte, o maior festival de arte pública de Minas Gerais. Como é tradição, está confirmada a feira de arte, que desta vez vem em forma de galeria virtual.

“Como neste ano a programação do festival é virtual e, por isso, não há fronteiras, decidimos fazer diferente: a curadoria CURA 2020, composta pelas idealizadoras Janaína Macruz, Juliana Flores e Priscila Amoni, e pelas curadoras convidadas Arissana Pataxó e Domitila de Paulo, selecionou 45 artistas de diversos estados do Brasil para integrar a Galeria de Arte Virtual que ficará aberta durante o período do festival” explica Juliana Flores.

A Galeria de Arte CURA vai funcionar no site www.cura.art e cada artista convidado terá obras expostas e disponíveis para compra. Entre eles, estão cinco artistas apresentadas pela Beck’s, uma das patrocinadoras do evento. A venda destas obras será especial, por meio de uma rifa: os interessados comprarão pequenas cotas e depois participarão de um sorteio da obra.

Entre os nomes já confirmados para a galeria estão Elian Chali (Argentina), que participou da edição Lagoinha do festival; Heloísa Hariadne (São Paulo/SP); Gê Viana (São Luiz/ MA), que foi finalista do prêmio Pipa deste ano; Mulambo (Saquarema/RJ) e Alex Oliveira (Jequié/BA).

Destaque para a participação de artistas indígenas como Nei Xakriabá, Edgar Corrêa Kanaykô, nos.mao / Kiwira mira e Oiti Pataxó, e também para os mineiros Luana Vitra, Nast e Eduardo Fonseca.



CURA - Circuito Urbano de Arte conta com duas novas curadoras

O CURA resiste como um respiro e busca se abrir para novos olhares que apontam para novos caminhos.

“Acreditar que há saída é fundamental para a nossa sobrevivência. Para nós essa saída vem das mulheres, da sabedoria dos povos indígenas, verdadeiros nativos dessa terra, dos povos afro-brasileiros, dos quilombos e das comunidades periféricas. Essa saída passa por uma busca às origens, às nossas origens. E a saída é coletiva. Sempre”, dizem em conjunto as idealizadoras e curadoras Juliana Flores, Janaína Macruz e Priscila Amoni.

“A pandemia nos trouxe o luto. O luto pelas vidas perdidas, pelos empregos perdidos, o luto por uma vida de encontros que não existe mais. Mas temos que seguir e encontrar a energia para transformar o luto em verbo”, completam.

Esta edição do festival, que acontece em setembro, começou a ser trabalhado no ano passado. Foi nesse período que convidaram duas mulheres inspiradoras para criarem juntas a edição 2020 do Cura. Antes da inimaginável situação atual, as artistas Arissana Pataxó e Domitila de Paulo contribuem para uma jornada de crescimento, conexões e novas perspectivas.

E é esse festival, gestado por 5 mulheres, que sofreu mudanças inevitáveis devido às perdas também coletivas que acontece daqui um mês.


ARISSANA PATAXÓ

Artista Visual e professora. Seu campo de atuação transita entre o trabalho artístico em que utiliza de diversas técnicas e suportes, tendo como referência para a sua produção as suas vivências junto ao seu povo e a outros povos indígenas. Como professora, atua na educação básica e desenvolve atividades com formação de professores indígenas. Possui graduação em artes plásticas e mestrado em estudos étnicos e africanos pela Universidade Federal da Bahia.


DOMITILA DE PAULO

Domitila de Paulo é colagista analógica e artista visual em multilinguagens. Sua trajetória cruza a arte, o design e a moda. A belo-horizontina desenvolve colagens manuais e seu processo inicia-se na investigação de imagens raras em antigas publicações. A partir do acervo garimpado, coleta imagens para mixar elementos diversos e criar, por meio da Semiótica, a sua narrativa visual e simbólica. A artista traz consigo a percepção de memória e identidade e suas artes foram capa de disco como “Goela Abaixo”, de Liniker e os Caramelows, “Outra Esfera”, de Tássia Reis, e do livro “Massembas de Ialodês: vozes femininas em roda”, da coletânea Sambas Escritos. Mensalmente, ela ilustra com suas colagens a coluna Caixa Preta da revista Glamour e compõe o time de curadoras do CURA 2020.



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