Quem passa pela BR-356, também conhecida como Avenida Nossa Senhora do Carmo, é surpreendido pelo macro mural da artista capixaba Kika Carvalho, pintado nas casas da comunidade do Morro do Papagaio. A obra, que está em fase de finalização, faz parte da 3ª edição do Mamu - Morro Arte Mural.
“A Kika tem como inspiração a sua série “Brasões” onde ela pinta diversos papagaios (também conhecido como pipa), num diálogo lúdico com o nome da comunidade” explica Janaína Macruz, diretora executiva do projeto.
Inicialmente, os brasões foram pensados para serem pipas, que eram distribuídas no antigo atelier da artista, ao pé do Morro da Piedade, em Vitória (ES). Os brinquedos eram produzidos com imagens relacionadas à cultura afro-brasileira, em especial a relação com os orixás. “E assim inserindo esses símbolos que são afastados das crianças negras, através da brincadeira, sem necessariamente instituí-las a rituais, a questão religiosa em si” conta a artista. “São representações de pipas/papagaios, que eu chamo de brasões. Um projeto que comecei em 2020, que traz a questão da representação familiar, pensando em brasões como um escudo que representa uma determinada família” finaliza Kika.
Festa de encerramento
No próximo domingo (30/06), a partir das 15h, o Morro do Papagaio, na região centro-sul de BH, recebe festa à altura do macro mural feito pela artista capixaba Kika Carvalho, parte da 3ª edição do MAMU - Morro Arte Mural.
Entre as atrações, festival de papagaio que tem patrocínio da Xeque Mate, barracas de alimentação, bebida e comidas típicas de festa junina, além de uma intensa programação musical. Vale destacar que todas as atrações fazem parte da comunidade.
Incluindo MC Rick, um dos principais nomes da cena de funk da cidade, com forte projeção nacional e que fecha as apresentações dos MCs do morro: MC Boliviano, MC Fiote do PPG, MC Jonatha e MC Kattrina.
Programação Festa de Inauguração Macro Mural Kika Carvalho MAMU Morro do Papagaio
15h às 16h15 - DJ Yuga
16h15 às 16h45 - Apresentação Quadrilha da Escola
16h45h às 17h15 - DJ Devast
17h15 às 17h30 - Apresentação Grupo Erro 404
17h30 às 19h00 - Funk do Papagaio com MC Boliviano, MC Fiote do PPG, MC Jonatha e MC Kattrina. Show MC Rick.
19h às 21h30 - Roda de Samba com o grupo Samba do Pio
21h30 às 22h - DJ Tamtam
O evento tem patrocínio da Xeque Mate.
Serviço
Encerramento 3º MAMU - Morro Arte Mural
Dia: 30/06
Horário: 15h às 22h
Local: Quadra do Morro do Papagaio - Av. Nossa Senhora do Carmo, s/nº
@mamumorroartemural
Sobre o MAMU e a 3ª edição
MAMU – Morro Arte Mural é um projeto de arte único em Minas Gerais que cria macro murais com as casas de vilas e comunidades vulneráveis. A terceira edição acontece no Morro do Papagaio, no mês de junho, depois de passar pelas comunidades do Cruzeirinho no Alto Vera Cruz (2018) e Vila Nova Cachoeirinha (2022), tendo todas elas, patrocínio master da Cemig.
O projeto almeja fomentar a arte e ajudar a formar novos artistas em regiões que pulsam e vivem arte, mas que carecem de oportunidades. Um dos pilares do MAMU é contar com a maioria da equipe e fornecedores da comunidade e realizar oficinas de formação artística exclusiva para os moradores do local que recebe o macro mural. “O Mamu é um projeto feito para a comunidade com participação ativa da própria comunidade” explica Juliana Flores, da Pública Agência de Arte, que está à frente do projeto.
Sobre Kika Carvalho
Capixaba de Vitória e radicada no Rio de Janeiro, Kika Carvalho é artista visual, com obras expostas em Inhotim e na Pinacoteca de São Paulo, além de países como Portugal, Itália e Estados Unidos. Kika está em Belo Horizonte como artista convidada da 3ª edição do MAMU - Morro Arte Mural, que acontece no Morro do Papagaio durante o mês de junho.
Versada em diferentes suportes, técnicas e escalas, suas obras têm como foco o retrato de mulheres negras, a cultura e a matriz africana, tendo o azul como cor predominante. Desde 2009 está inserida na cena de arte urbana e fundou, junto a outras mulheres, o primeiro coletivo do tipo do Espírito Santo.
Sobre sua participação no MAMU, Kika diz que “é um trabalho muito complexo de fazer, os próximos dias são de dedicação ao projeto e capricho para entregar o melhor resultado possível”.
Patrocínio master: Cemig e Lei Estadual de Incentivo à Cultura
Patrocínio: BDMG, Rede Materdei de Saúde, Lei Municipal de Incentivo à Cultura, Coral e Xeque Mate
Apoio: Urbel e Favela Bela
Produção: ÁGUA - Agência Urbana de Arte
Realização: Pública
Depois de dois anos e meio em São Paulo, onde trabalhava como estilista da grife NK, o mineiro Athos Henrique está de volta a BH. O retorno à capital mineira veio a convite da Tufi Duek, para coordenar o novo processo de estilo da marca.
A nova fase é também de retomada da Nove, marca autoral que lançou em 2019 a partir de um projeto de conversas com diferentes convidados, que se transformavam em roupas e também era catalogado em vídeos. Desde a mudança para a capital paulista, a Nove estava adormecida.
“Ao longo de quase dois anos, fui registrando minha vida e momentos, em filmes 35mm e em vídeos com uma handcam vintage. Tudo para recriar o meu álbum”, conta Athos. “Álbum de Memórias” é o lançamento número cinco da marca e também o último com peças à venda. A Nove seguirá em movimento, de maneira expositiva, explorando novas formas de criação.
As peças estão disponíveis no studio Carlos Penna.
Nove | Álbum de memórias
Projeto 9 - Ep. 05
Por Athos Henrique
Esse projeto é o início de uma nova fase da Nove, onde retorno ao lado mais experimental da marca. Inicialmente, antes de virar uma marca em atividade, a Nove era um projeto audiovisual, onde contava através de um desenvolvimento sob medida, um pouco sobre o produto que conseguia desenvolver de maneira independente.
Sempre com um convidado, o projeto cresceu e se tornou a marca que hoje conhecemos um pouco melhor. Agora o objetivo é retornar aos projetos para contar novas histórias. A primeira história desse retorno após dois anos e meio de pausa da marca, é a minha.
Álbum de Memórias é o título de um projeto que vai muito além da coleção, ela é um dos canais de comunicação para essa história. Aos nove anos de idade, vi minha mãe biológica ser presa e condenada a 29 anos de reclusão, por diversos crimes. Essa prisão resultou em muitas perdas, uma delas imagética! Eu e minha irmã, fomos levados com as roupas do corpo até a casa dos meus avós maternos e tudo que tínhamos foi completamente destruído por criminosos. Incluindo nossas fotos até ali.
Não há violência maior com uma história, do que o apagamento dela!
Deste incômodo imagético, surgiu a necessidade de recriar meu álbum, em um dos melhores momentos da minha vida e carreira.
Essa coleção é o meu guarda roupa, ela começa a partir de um conjunto jeans, que é uma releitura do jeans que presente na única foto impressa que restou da minha infância. Eu deveria ter por volta dos meus 6 anos de idade na imagem, que ficou guardada durante anos com meu pai. Todas as demais peças são relacionadas a momentos da minha vida e de minhas memórias.
Registrar novas memórias é uma maneira de me abraçar e agradecer!
Brizola Escritório de Arte e Parque do Palácio tem o prazer de apresentar A BELEZA DO ACASO. A exposição solo do artista plástico Julio Alves apresenta um recorte de vinte obras inéditas datadas do período de 2021 a 2024, nas quais o artista aventura-se por técnicas e estilos diferentes, retomando o movimento primordial de subjetivação, o abstracionismo.
Origem e destinos são conceitos objetivos do ponto de vista geográfico, mas têm sentido subjetivo no que tange a viagem para dentro do próprio eu. Essa mostra elege a travessia do artista Julio Alves e trata o tema da zona de transitoriedade que acontece durante a travessia em si mesmo. O artista elegeu como matéria prima pedras e folhas encontradas em suas andanças pela por Minas Gerais, sendo elas, simultaneamente, matéria e metáfora.
É no espaço da desconstrução que o novo trabalho de Julio Alves se situa. O caminho percorrido pelo artista tem como inspiração a Serra do Espinhaço, a cadeia rochosa na qual nasceram as cidades de Mariana, Ouro Preto e Ouro Branco. Diante de um deserto rochoso, o artista encontra seu oásis na particularidade de cada pedra encontrada no caminho dessa “cordilheira brasileira”.
Permeada por ocres, cinzas, amarelos e vermelhos, as telas mimetizam as singularidades que residem nas mais diversas pedras. Julio Alves propõe aqui uma reflexão sobre o contorno, o peso, a leveza e todos os significantes que essas rochas podem habitar. O lugar da pedra está em cada novo olhar que o artista explora aqui. A transmutação de materiais orgânicos retirados da natureza em monotipias e pinturas evidencia a relação íntima de Julio com a ancestralidade e sua devoção pela natureza. Para além de forma e símbolo, é a experiência de energia latente que faz o encontro, tema recorrente nesta série. A plasticidade dos materiais, o respeito pelo tempo e a consciência da interdependência entre tudo, fazem com que esta mostra seja um diálogo do artista com sua própria história, seu entorno e consigo próprio.
Julio Alves
Nascido no Rio de Janeiro em 1966, Julio se mudou ainda criança para Belo Horizonte e foram as belezas de Minas Gerais que despertaram o seu olhar para a arte. Com uma formação peculiar e vasta, teve grandes mestres ao longo de sua formação: Selma Weissmann, Daniel Maillet, Wilde Lacerda, dentre outros. Mas nos ensinamentos de Israel Kislansky encontrou seu mestre maior. Julio Alves também é graduado em Design pela UEMG e se especializou na Univesitá Internazzionale del’Arte UIA, em Florença.
Em seus trabalhos mais conhecidos, Julio explora as ideias de pintura e abstração dentro de uma narrativa sensível e poética. Recentemente, o artista tem trabalhado seus desenhos de forma mais abstrata, sem deixar de lado o lirismo dos novos elementos plásticos que o acompanham.
Serviço
A BELEZA DO ACASO - exposição solo de Julio Alves
Curadoria: BRIZOLA Escritório de arte
Texto crítico: Paulo Pontes
Em cartaz 19.05 – 19.06.2024
Quarta a sexta: 10h00 às 18h00.
Sábado e domingo: 09h00 às 18h00
Local: Parque do Palácio, R Arquiteto Rafaelo Berti - 330, Mangabeiras
Ingressos: R$10,00 (inteira) e R$5,00 (meia entrada). Entrada franca às quartas-feiras mediante retirada de ingresso sympla.
Visitação: livre para todas as idades